quarta-feira, março 10, 2010

Eu cansei.
Eu cansei de sentir o que eu não entendo e de saber o que eu não quero.
Afinal, eu posso pular todos os meus problemas. Não é simples? Não, não é.

O azul sempre colou em minha pele, é impregnante, é exaustante. Eu choro e lamento as perdas de mim própria, eu deixei tantas coisas cairem no meu abismo particular. Talvez você não entenda a angústia e a lamúria de uma jovem que anda sem destino, que procura um motivo. Talvez para você sempre pareça bobagem, afinal... Você, serzinho. Você tem amor na cama, café no bule e porquês na boca.
Mas eu não tenho nada, às vezes eu não tenho nem a mim mesma.
Poemas, prosas, músicas, danças, paixões, fodas, suspiros, cores, amores, cafés, cigarros, uísques, camas, sonhos. É a tua carne à mostra, você duvida?


Por exatamente três dias eu a amei. A amei de todas as formas que você, serzinho, consiga imaginar. Era muito amor. Era amor na sala, no quarto, no chão, no chuveiro e na cozinha. Nossa casa fedia a amor, e nossos sorrisinhos boêmios deixavam à mostra nossa pouca vergonha e sacanagem casual. Era amor! Os vizinhos reclamavam da bossa nova até o céu se diluir em manhã, e eu e ela... Apenas nos amávamos.
Ela me fazia ter orgasmos sentimentais.
Mas eu não vim aqui falar através de prosas as minhas fodas.


Acho que permanecemos aproximadamente quatro dias e duas horas trancafiadas na casa dela, sobrevivendo da nossa vida vegetariana de maçãs amassadas, cafés com leites quase vencidos e principalmente: nossos cigarros. Tenho marcas em todo o corpo que provam as insanidades cometidas por aquela criaturinha maldosa.

Quatro dias e duas horas depois, ela se despediu de mim. Me deu meu salto, maquiou suas pernas e disse "hora de tornar a realidade". Maldita espécie abominável enganadora salafraia nojenta e cadela! O que restou? Um coração partido? Não, nem isso.
Sobrou eu encardida nojenta, bebendo uísque, fumando um cigarro olhando para a essa tela e pensando em escrever algo que realmente motive vocês.

Por que vocês amam? Por quê? Vocês que bem sabem que no final não há um sempre felizes, ou que depois de uma década na cama de um alguém, você se esquece de como o sexo era quente, de como seu coração borbulhava, de como você o amava.

Quando você renega o amor, você renega também a sensação de cheio. Você se torna vazio e isso realmente te consome. É o que torna atrativo, é o que torna delícioso.

Por isso, toda vez que eu me trancafeio em uma nova casa. Eu brinco. Brinco comigo que brinca com um alguém que acha que também brinca comigo. Brincamos de esconder dentro do outro, e funciona. Quando a brincadeira cansa, você vai embora fecha a porta e deixa o remorço lá dentro.