quarta-feira, junho 16, 2010

Sábado é quando eu sinto o sabor da manhã e é quando sinto saudade do sabor do teu corpo. Acho que me rogo pragas demais, para meu eterno desespero. Deveria tentar esquecer o que tivemos, o que não mais temos e tudo aquilo que em lembranças me eleva e me preenche de tristeza.
À noite, não durmo, viro e reviro-me dentro e fora de mim. Perambulam em meus pensamentos, sentimentos cóleros que se concretizam e derramam em mim lágrimas no teu não mais teu canto da cama. Que embora pequeno para teu corpo, fora todas as noites terno e esquentado pelo meu peito, pelo meus braços, pelo meu colo, entre meus cheiros e com todo o meu amor.
Fecho os olhos e durmo. Me perco e me permito sonhar com o reflexo do teus olhos escuros, os olhos que por tantos dias senti a ansiosa vontade de ter, e quando os tive, nada mais desejei. Como o movimento sutil do relógio, nosso tempo passou. Se não bastasse, morreu. Se esqueceu no azul profundo que era nosso amor. Como você sempre murmurava cansada: "Imensidão azul de amor".
Mas como tudo que é sincero não dura, dissemos adeus como se fosse algo cotidiano. Sei que você não me ama mais, você me decifrava fácil demais e me desestabilizava em todas as manhãs nebulosas. Você, que conhecia muito mais que meu ser suportava, foi embora. Você me fez solidão.
Sobrou-me eu mesma, eu e as nuvens, que mesmo tão lindas, são vazias e passageiras. Eu e a saudade, que fez de mim casa. Eu e o frio da minha cama, eu e o silêncio dos meus sábados.